sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Perifton


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Todo dia tentando sair dessa rotina infernal, acordo, como, trabalho. Tenso, corro de um lado para o outro sem saber o que estou à procura. É como o instante após levar uma pancada daquelas na cabeça. Alguns comprimidos e um cowboy duplo, como rege a lenda, um bom e velho Jack Daniel’s deve ser tomado na sua essência.

À noite finalmente me sinto vivo de verdade, a noite é o meu déjà vu preferido, o clima de expectativa no ar, presente na fumaça de um cigarro ou no mistério por trás de olhos maquiados, escuros e lábios carnudos coloridos.

As drogas, como tudo que nos aproxima da morte, me preenchem de vida, bela contradição; com certeza nada comparado ao sexo, puro e simples, não só me sinto vivo nesse momento mas assistido pelos deuses. Além disso, preferia muito mais o desafio de viver a realidade com sobriedade. Com o tempo meu egoísmo se transformou em filosofia de vida. Não que exista outro objetivo além de sobreviver e cumprir minha rotina diária, às vezes pensava nisso depois do quarto orgasmo, deitado na cama ao lado de qualquer vagabunda sem valor. Mas, naquele dia, 5 de novembro, pensei que sobreviver talvez fosse uma opção minha, estava na hora de mudar. 5 de novembro: o marco zero, o início de uma nova vida e o fim de toda essa agonia.

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[ficha técnica]

texto - danilo rohrs
ilustração - danilo rohrs

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