sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Inveja

Tenho inveja de pedra, de árvore, de água.
Não porque não morrem, que a morte é o sentido da vida.
Não porque não deixam a manhã perdida, sucumbindo na televisão.
Não porque parecem não se incomodar com o que sem saber acontece de acontecer, porque o imprevisto é o presente.
Não porque montanhas, rios, jaqueiras, são maiores que os homens. Gigantes não acampam em cavernas, não mergulham em cachoeiras nem dormem debaixo da sombra.
Tenho inveja de pedra, de árvore, de água porque elas não se fazem de otárias.



[ficha técnica]

texto, leitura e música - gabe pardal